Um dos gols de Ronaldo que mais me impressionou foi o que ele converteu na copa de 2006, contra a seleção de Gana. O jogador foi lançado pelo meio de defesa, avançou sozinho e, quando estava cara a cara com o goleiro, pedalou com a perna direita, mas com a esquerda limpou o arqueiro e empurrou para as redes.
Num primeiro momento, parece não haver nada de especial no lance descrito. No auge de sua carreira, Ronaldo protagonizou jogadas aparentemente mais geniais, como aquele gol da época em que atuava pelo Barcelona, quando arrancou do meio de campo driblando meio time adversário.
O que chamou a minha atenção, porém, foram as circunstâncias em que Ronaldo realizou a jogada contra os ganenses. Visivelmente fora de forma no mundial, o jogador, ainda assim, foi responsável por boa parte dos poucos momentos de brilho daquela desastrada seleção. Com bastante quilos acima de seu peso ideal, sem a agilidade e velocidade costumeiras, mesmo assim Ronaldo aplicou um drible mágico no goleiro.
Se definirmos magia como qualquer procedimento ou efeito que pareça inexplicável ou fantástico, entenderemos melhor a beleza da jogada em questão. No momento da definição do lance, não apenas a perna destra de Ronaldo pedala para a direita, mas todo o seu corpo pedala junto, ou quase todo, pois a perna esquerda, escamoteada, já está levando a bola para o outro lado, de maneira quase imperceptível, num movimento ilusório, inexplicável, mágico. Qualquer goleiro ficaria como ficou o de Gana, caído sentado.
A atuação de Ronaldo no clássico de domingo entre Palmeiras e Corinthians me fez lembra deste lance. Ainda mais pesado do que há três anos, e sem ritmo de jogo, o Fenômeno só não fez chover, na escaldante Presidente Prudente. Correu, driblou, meteu um "canudo" na trave e fez o gol do empate do Corinthians aos 47 do segundo tempo . As cenas do atacante com os torcedores corintianos derrubando o alambrado são emocionantes e ilustram muito bem a grandiosidade do acontecimento.
Ronaldo foi mágico neste jogo. Mas, apesar do gol, o lance de maior magia, para mim, se deu numa jogada pela ponta esquerda corintiana: Ronaldo está com a bola protegida, em direção contrária ao ataque, com um zagueiro palmeirense em seu calcanhar. Com o corpo inclinado para frente, Ronaldo puxa a bola para trás, gira, deixando o defensor alviverde em desvantagem na corrida. Ele avança e cruza na medida para André Santos cabecear, e o goleiro Bruno fazer uma bela defesa.
Como pode Ronaldo, estando bastante acima do peso, sem ritmo de jogo e longe de sua velocidade habitual ter aplicado um drible simples, chegando na frente do zagueiro na jogada? A resposta está nos truques que suas pernas desenham, na destreza de seus movimentos que, na atual lentidão de suas execuções, ainda é capaz de ludibriar e assombrar.
Ainda há espaço, no futebol contemporâneo, para a expressão do verdadeiro talento. Há quem diga que Garrincha, ou mesmo Pelé, não jogariam tão bem, se atuassem hoje, por conta do forte preparo físico dos marcadores e da velocidade com que o futebol é praticado atualmente. No domingo, Ronaldo demonstrou o contrário, desfilando um futebol mágico que, pela precisão vagarosa de seus movimentos, lembrou uma época romântica desse jogo popular.
Num primeiro momento, parece não haver nada de especial no lance descrito. No auge de sua carreira, Ronaldo protagonizou jogadas aparentemente mais geniais, como aquele gol da época em que atuava pelo Barcelona, quando arrancou do meio de campo driblando meio time adversário.
O que chamou a minha atenção, porém, foram as circunstâncias em que Ronaldo realizou a jogada contra os ganenses. Visivelmente fora de forma no mundial, o jogador, ainda assim, foi responsável por boa parte dos poucos momentos de brilho daquela desastrada seleção. Com bastante quilos acima de seu peso ideal, sem a agilidade e velocidade costumeiras, mesmo assim Ronaldo aplicou um drible mágico no goleiro.
Se definirmos magia como qualquer procedimento ou efeito que pareça inexplicável ou fantástico, entenderemos melhor a beleza da jogada em questão. No momento da definição do lance, não apenas a perna destra de Ronaldo pedala para a direita, mas todo o seu corpo pedala junto, ou quase todo, pois a perna esquerda, escamoteada, já está levando a bola para o outro lado, de maneira quase imperceptível, num movimento ilusório, inexplicável, mágico. Qualquer goleiro ficaria como ficou o de Gana, caído sentado.
A atuação de Ronaldo no clássico de domingo entre Palmeiras e Corinthians me fez lembra deste lance. Ainda mais pesado do que há três anos, e sem ritmo de jogo, o Fenômeno só não fez chover, na escaldante Presidente Prudente. Correu, driblou, meteu um "canudo" na trave e fez o gol do empate do Corinthians aos 47 do segundo tempo . As cenas do atacante com os torcedores corintianos derrubando o alambrado são emocionantes e ilustram muito bem a grandiosidade do acontecimento.
Ronaldo foi mágico neste jogo. Mas, apesar do gol, o lance de maior magia, para mim, se deu numa jogada pela ponta esquerda corintiana: Ronaldo está com a bola protegida, em direção contrária ao ataque, com um zagueiro palmeirense em seu calcanhar. Com o corpo inclinado para frente, Ronaldo puxa a bola para trás, gira, deixando o defensor alviverde em desvantagem na corrida. Ele avança e cruza na medida para André Santos cabecear, e o goleiro Bruno fazer uma bela defesa.
Como pode Ronaldo, estando bastante acima do peso, sem ritmo de jogo e longe de sua velocidade habitual ter aplicado um drible simples, chegando na frente do zagueiro na jogada? A resposta está nos truques que suas pernas desenham, na destreza de seus movimentos que, na atual lentidão de suas execuções, ainda é capaz de ludibriar e assombrar.
Ainda há espaço, no futebol contemporâneo, para a expressão do verdadeiro talento. Há quem diga que Garrincha, ou mesmo Pelé, não jogariam tão bem, se atuassem hoje, por conta do forte preparo físico dos marcadores e da velocidade com que o futebol é praticado atualmente. No domingo, Ronaldo demonstrou o contrário, desfilando um futebol mágico que, pela precisão vagarosa de seus movimentos, lembrou uma época romântica desse jogo popular.